Bancos no Brasil: expectativas, dividendos e desempenho no mercado de ações
Curto, médio e longo prazo apontam contrastes entre riscos de crédito e eficiência de gestão; veja também análise de dividendos
INVESTIMENTO


O setor bancário brasileiro segue no centro das atenções do investidor. Em um ano de forte volatilidade, marcado por juros altos e pressões institucionais, bancos listados na B3 apresentam trajetórias distintas. Para avaliar com clareza, é preciso observar três horizontes: curto, médio e longo prazo, além da atratividade em dividendos.
Curto prazo: pressão sobre o Banco do Brasil (BBAS3)
O Banco do Brasil (BBAS3) surpreendeu negativamente ao divulgar queda de 60% no lucro ajustado do segundo trimestre de 2025, atingindo R$ 3,8 bilhões. A revisão do guidance reduziu a projeção de lucro anual para R$ 21–25 bilhões (antes R$ 37–41 bilhões), e o payout mínimo de dividendos caiu de 40–45% para 30%. O impacto imediato foi a queda nas expectativas de retorno para o acionista, especialmente com inadimplência recorde no agronegócio, que alcançou 3,49% no trimestre.
Médio prazo: estabilidade relativa com Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4)
O setor, entretanto, não se resume ao Banco do Brasil. O Bradesco (BBDC4) e o Itaú Unibanco (ITUB4) têm conseguido preservar margens em meio ao ciclo de juros elevados. A Febraban projeta que a taxa Selic só deve começar a recuar no início de 2026, o que prolonga a rentabilidade das tesourarias e da intermediação financeira. Esse cenário beneficia os grandes bancos privados, que mantêm políticas de dividendos consistentes.
Em 2024, o Itaú distribuiu mais de R$ 16 bilhões em dividendos e JCP, mantendo o histórico de generosidade com o acionista. O Bradesco, mesmo em fase de reestruturação, continua garantindo proventos trimestrais, preservando seu perfil de “banco pagador”.
Longo prazo: Daycoval e Santander (SANB11)
No longo prazo, a resiliência de bancos de nicho chama atenção. O Banco Daycoval, de capital fechado, reportou alta de 32,8% no lucro recorrente no 1º semestre de 2025, com ROAE de 26%. Embora não esteja listado na B3, é referência em eficiência, mostrando que instituições focadas em nichos podem entregar retornos sustentáveis.
Entre os listados, o Santander Brasil (SANB11) reforça sua posição como alternativa de longo prazo. Com foco crescente em crédito imobiliário e digitalização, mantém payout acima de 40% e boa estabilidade de margens.
Dividendos no radar
Para investidores focados em proventos, Itaú (ITUB4) se destaca como o banco mais consistente na entrega de dividendos, com yield médio próximo de 6% ao ano. O Bradesco (BBDC4) mantém regularidade, ainda que pressionado pela necessidade de ajuste de rentabilidade. O Banco do Brasil (BBAS3), mesmo com cortes recentes, segue com política de distribuição que ainda garante retorno relevante frente a outros setores da bolsa.
Imagem meramente ilustrativa
Principais Informações
Banco do Brasil (BBAS3) reduziu payout de 40–45% para 30% e revisou lucro para R$ 21–25 bi em 2025.
Itaú (ITUB4) segue líder em dividendos, com yield médio em torno de 6% a.a.
Bradesco (BBDC4) preserva proventos mesmo em reestruturação.
Santander (SANB11) mantém estabilidade e foco em crédito de longo prazo.
Daycoval, não listado, teve lucro +32,8% e ROAE de 26% no 1S25.
Opinião Feed Financeiro
O investidor que busca dividendos encontra nos bancos brasileiros opções sólidas, mas deve considerar o horizonte. No curto prazo, BBAS3 enfrenta desafios significativos. No médio, ITUB4 e BBDC4 oferecem regularidade de distribuição, sustentados por juros altos. No longo, SANB11 aparece como alternativa equilibrada, enquanto o Daycoval prova que eficiência de gestão pode gerar resultados excepcionais.
O setor mostra força em remuneração ao acionista, mas depende de estabilidade institucional para transformar respiros de mercado em valorização consistente.
Fontes: Reuters, Febraban, Genial Investimentos