BrasilAgro (AGRO3): gestão de terras agrícolas e foco na valorização patrimonial

Dividendos consistentes, lucros oscilantes e o desafio do ciclo climático

INVESTIMENTO

Equipe Feed Financeiro

10/8/2025

A BrasilAgro (AGRO3) é uma das maiores companhias de terras agrícolas listadas na B3. Fundada em 2006, seu modelo combina compra, desenvolvimento, operação e venda de propriedades rurais, atuando em soja, milho, algodão e cana-de-açúcar. A empresa faz parte do grupo Cresud, da Argentina, e mantém presença em sete estados brasileiros, além do Paraguai e Bolívia.

Seu diferencial está na gestão imobiliária do agronegócio — a BrasilAgro trata a terra como um ativo com potencial de valorização, não apenas de produção. Essa visão se reflete no portfólio: até julho de 2025, a companhia possuía mais de 280 mil hectares em produção e 48 mil hectares arrendados, segundo dados da própria empresa.

Em termos financeiros, o desempenho recente tem oscilado. No 1T25, a BrasilAgro reportou lucro líquido de R$ 97,4 milhões, alta de 225% sobre o mesmo trimestre do ano anterior, impulsionada por ganhos com a venda de terras e valorização patrimonial. No entanto, o 2T25 apresentou prejuízo de R$ 19,6 milhões, reflexo de custos maiores e da queda nos preços internacionais das commodities.

Riscos que o investidor precisa considerar

O principal risco está no clima: secas e eventos extremos afetam diretamente a produção de soja, milho e algodão.
A volatilidade das commodities agrícolas também influencia fortemente as margens.
Há riscos regulatórios e ambientais, ligados à legislação rural e à tributação de terras.
A liquidez dos ativos é limitada, já que propriedades rurais têm venda lenta.
E a exposição cambial pode afetar resultados, uma vez que parte das vendas é dolarizada.

Oportunidades e expectativas para médio e longo prazo

A valorização das terras agrícolas é o pilar do modelo da BrasilAgro, que costuma gerar ganhos relevantes com vendas de propriedades maduras.
A diversificação geográfica e de culturas reduz o impacto de safras ruins em regiões específicas.
O uso crescente de tecnologia agrícola e irrigação tende a elevar a produtividade e reduzir riscos.
A empresa tem histórico de pagamento consistente de dividendos — em 2024, distribuiu R$ 1,56 por ação, totalizando cerca de R$ 155 milhões.
Com juros em queda, o agronegócio volta a ganhar atratividade entre investidores que buscam ativos reais.

O papel do ativo no portfólio e o perfil do investidor

BrasilAgro é um ativo de exposição ao agronegócio com viés imobiliário, voltado a investidores que buscam diversificação em setores reais da economia.
Seu desempenho tende a ser cíclico, acompanhando preços de commodities e condições climáticas, o que exige visão de longo prazo.
É adequado a quem tem perfil moderado a arrojado e deseja combinar renda recorrente via dividendos com possibilidade de valorização patrimonial.
Não se trata de uma ação de crescimento acelerado, mas de uma alternativa de proteção real e diversificação setorial dentro de uma carteira equilibrada.

Imagem meramente ilustrativa

Principais informações

  • BrasilAgro é uma empresa focada em gestão e valorização de terras agrícolas.

  • Atua no setor de agronegócio e mercado imobiliário rural.

  • Os principais riscos são clima, volatilidade das commodities, regulação e câmbio.

  • As principais oportunidades estão em ganhos de produtividade, dividendos e valorização patrimonial.

  • É indicada para investidores com perfil moderado a arrojado, voltados ao longo prazo.

Opinião Feed Financeiro

A BrasilAgro representa um tipo de investimento que une duas lógicas raramente equilibradas: a rentabilidade da terra e o fluxo de caixa da produção agrícola. Seu modelo híbrido exige paciência — nem sempre o valor aparece nos balanços trimestrais, mas sim na maturação dos ativos.
O mercado tende a reagir ao curto prazo, mas investidores que enxergam o agronegócio como um vetor de crescimento real encontram na empresa uma forma sólida de expor parte da carteira ao setor mais produtivo do país. A oscilação entre lucro e prejuízo faz parte do ciclo; o essencial é entender que o retorno vem da gestão do tempo e do solo, não apenas da colheita.

Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo e não constitui recomendação de investimento.

Fontes: BrasilAgro RI, Money Times, InfoMoney, Status Invest