Resumo da semana: B3 fecha em leve alta e dólar oscila com foco fiscal e dados externos

Indicadores refletem pressão política interna e ausência de referências econômicas nos EUA

MERCADO

Equipe Feed Financeiro

10/4/2025

A primeira semana de outubro foi marcada por um equilíbrio delicado entre sinais de resiliência e pressões que ainda mantêm os investidores cautelosos. O Ibovespa encerrou a sexta-feira em 144.200,65 pontos, com alta de +0,17 % no dia, mas acumulando queda de –0,86 % na semana. Já o dólar comercial terminou cotado a R$ 5,33, em leve recuo diário de –0,07 %, praticamente estável na variação semanal. Esses números sintetizam um cenário em que fatores internos e externos seguem ditando o compasso dos negócios.

Nos Estados Unidos, o destaque foi a paralisação parcial do governo, o chamado shutdown. A falta de informações econômicas relevantes, como o relatório de emprego (payroll), deixou os agentes sem parâmetros consistentes, aumentando a volatilidade e reforçando a cautela em mercados emergentes. No Brasil, a aprovação da isenção do Imposto de Renda para parte dos contribuintes trouxe alívio a curto prazo, mas reacendeu discussões sobre a sustentabilidade fiscal no médio prazo.

Volatilidade ao longo da semana

A semana começou com movimentos instáveis. Investidores alternaram entre otimismo com os dados domésticos e receio diante da incerteza externa. A ausência de referências norte-americanas tornou os mercados mais suscetíveis a rumores e expectativas políticas, enquanto o noticiário fiscal manteve pressão sobre a curva de juros e o câmbio.

Influência setorial e corporativa

No campo corporativo, algumas ações se destacaram positivamente. Os papéis da Raia Drogasil avançaram mais de 4 %, acompanhados por ganhos em setores de consumo e energia. Em contrapartida, companhias ligadas ao agronegócio e frigoríficos tiveram quedas expressivas, com Marfrig recuando mais de 3 %. Esse desempenho setorial contrastado ajudou a explicar por que, mesmo com altas pontuais, o índice não conseguiu sustentar recuperação firme ao longo da semana.

Além disso, dados da produção industrial brasileira, divulgados pelo IBGE e reportados na imprensa, surpreenderam positivamente com expansão de 0,8 % em agosto. Esse resultado trouxe certo alívio ao mostrar resiliência da atividade econômica em meio ao ambiente de incerteza, mas não foi suficiente para alterar a percepção geral de cautela no mercado acionário.

Imagem meramente ilustrativa

Principais informações

  • Ibovespa: 144.200,65 pontos (+0,17 % no dia / –0,86 % na semana)

  • Dólar comercial: R$ 5,33 (–0,07 % no dia / –0,04 % na semana)

  • Produção industrial subiu 0,8 % em agosto (IBGE)

  • Setor de consumo e saúde em destaque, com RD Saúde +4,5 %

  • Marfrig recuou –3,5 % e pressionou o índice

  • Aprovação da isenção do IR reacendeu debate fiscal

  • Shutdown nos EUA suspendeu a divulgação do payroll e elevou a incerteza externa

Opinião Feed Financeiro

O fechamento da semana mostra como o mercado brasileiro permanece dividido entre avanços pontuais e uma base estrutural ainda pressionada por riscos. A valorização de empresas ligadas ao consumo e a surpresa positiva na indústria revelam que a economia mantém alguma capacidade de reação, mas isso não foi suficiente para afastar a percepção de fragilidade fiscal e de dependência do cenário externo.

O dólar estável sugere um equilíbrio temporário, mas não necessariamente sinaliza confiança. Ele reflete, antes, a ausência de novos gatilhos externos, que podem rapidamente alterar expectativas. A oscilação limitada indica que os investidores preferem manter posição de cautela, evitando apostas mais arrojadas até que surjam informações mais claras sobre a condução da política econômica e a evolução do quadro internacional.

No campo comportamental, essa postura revela um movimento clássico de preservação. Quando a visibilidade é baixa, o mercado escolhe não errar de lado. A seletividade das operações e a busca por empresas sólidas, com balanços resilientes, tornam-se estratégias mais valorizadas. A semana encerrou sem rompimento de tendências, reforçando a leitura de que o próximo ciclo dependerá de surpresas — seja na política, na macroeconomia ou nas empresas listadas. Para o investidor, disciplina e foco na gestão de risco continuam sendo os principais aliados nesse ambiente de incerteza.

Fontes: InfoMoney, BoraInvestir/B3, Exame, Poder360